terça-feira, julho 30, 2013

Causam náuseas

Causam náuseas as recentes afirmações de Passos Coelho - “o país não consegue recuperar a economia para o futuro aumentando impostos e que a carga fiscal elevada é um desincentivo ao investimento das empresas”. É preciso não ter vergonha na cara. Quem assim fala é o mesmo homem que lançou ainda há poucos meses, a maior carga fiscal de sempre sobre os portugueses e que desse modo provocou na economia nacional a maior e mais continuada recessão de sempre.
Cada português vai receber menos 792 euros (média) em 2013 resultante do aumento dos impostos e da redução de salários. No total, cerca de 8.000 milhões de euros são retirados ao mundo do trabalho para os entregar ao capital. Porque o dinheiro não desaparece, se ele é retirado de um lado irá forçosamente parar a outro. Acentua-se assim a desigualdade social, a desigualdade da distribuição da riqueza produzida no país. O trabalho fica com menos rendimento enquanto o capital fica com mais.
São as políticas do governo e as suas reformas anti-sociais que determinam uma tal alteração na distribuição da riqueza nacional. Portugal, já era o terceiro país da UE com maior desigualdade social, agora com este governo, as desigualdades sociais estão a ser drasticamente agravadas.
Quando Passos Coelho fala que “temos que empobrecer” o que ele quer realmente dizer é que tem que empobrecer quem vive do rendimento do seu trabalho. Isto é, a parcela da riqueza produzida no país que é distribuída em salários tem que diminuir enquanto a parcela obtida pelo capital tem que aumentar em igual proporção. E o homem tem a desfaçatez, o supremo descaramento de dizer que isto é bom para o país. Como se o empobrecimento generalizado dos cidadãos, um menor nível de vida, o aumento das desigualdades e da miséria de um lado, e o maior enriquecimento de uns poucos por outro lado, fosse bom para o país.
Não será muito difícil de compreender, que quanto mais concentrado está o rendimento, menor será o volume de produção necessário para satisfazer a procura do consumo (que só pode realizar quem tenha dinheiro) e o número de empresas necessárias para realizá-lo. Uma maior desigualdade de rendimentos provoca assim inevitavelmente um menor crescimento económico e um maior desemprego. É para esta situação de desastre nacional que Passos Coelho “custe o que custar” nos quer atirar.
Recordando tempos passados, eu direi que Passos Coelho é o político português mais reaccionário de sempre. Os seus apelos à “União Nacional” causam seguramente o maior asco a qualquer democrata.