segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Reformas e Austeridade

Ouvimos constantemente falar de reformas, falar de austeridade. A questão fundamental reside em saber qual a finalidade das reformas, qual a finalidade da austeridade.
Austeridade e reformas para melhorar os cuidados de Saúde aos cidadãos, melhorar a Educação, melhorar a Protecção Social e o bem-estar da população ou ao contrário, reformas e austeridade para piorar estas funções sociais dos Estados democráticos.
Para aqueles que defendem a austeridade será necessário perguntar-lhes o que querem fazer ao dinheiro que retiram ao estado social. Dizer que “estamos a viver acima das nossas possibilidades” não cola pela simples razão de que até à crise internacional dos Bancos em 2008, a nossa Dívida Pública mantinha-se com pequenas oscilações na ordem dos 60 e tal por cento; inferior até à dívida alemã. Só a parir de 2008 é que ela deu um salto fantástico encontrando-se hoje na ordem dos 130%, sem contar já com as principais dívidas das EPE (ao contrário do que tem propagandeado o governo e os seus fiéis seguidores). Na verdade, com as novas regras de contabilização europeia a serem adoptadas em Setembro que impõem a inclusão na dívida pública das dívidas da Parpública, Parvalorem, e outras, EPE, o montante da nossa dívida saltará para cerca de 242.000 milhões de euros, ou seja 147% do PIB.
Mas se retiram dinheiro às funções sociais do estado, estão a alterar a distribuição da riqueza nacional produzida. Se retiram de um lado irão forçosamente colocar esse dinheiro em outras mãos. Será de indagar então aos amantes da austeridade que entidade ou que grupo de pessoas, que grupo social, ou usando uma linguagem fora de moda que classe social querem favorecer.
Aqui reside na verdade a finalidade da austeridade - uma transferência de rendimentos dos mais pobres para os mais ricos.
Uma classe social constituída por banqueiros, gestores e donos de grandes empresas e políticos ministeriáveis, uma minoria que domina económica e financeiramente o país, pretenderá sempre “custe o que custar” perpetuar a austeridade porque vê nela um meio de aumentar e expandir a sua fortuna. É por esta razão que esta elite social jamais abdicará do recurso à austeridade como forma de acumular riqueza.