sábado, maio 23, 2020

AS DIREITAS E AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Há uma direita saudosista, reaccionária, arcaica e fascista, na sombra mas sempre presente desde o 25 de Abril, hoje finalmente com representação parlamentar pelo partido Chega mas muito em breve assessorada por figuras de colarinho branco que verborreiam nas TVs. Segue-se a direita neoliberal mais ou menos radical, instruída e cultivada por Passos Coelho, advogando a austeridade, as privatizações e o estado mínimo, contra o estado social e pela diminuição dos impostos sobre o capital e que arrebanha metade do PSD de hoje com alguns dos seus mais destacados militantes como Luís Montenegro, Miguel Albuquerque ou Carlos Carreiras. Depois, há a direita liberal representada pelo PSD de Rui Rio, contemporizadora com o estado social mas igualmente advogando a diminuição de impostos sobre o capital. E finalmente haverá a direita representada por Marcelo Rebelo de Sousa, uma direita que apoia o estado social, que não exige privatizações ou diminuição de impostos sobre o capital e que estará próxima entre o liberalismo social e uma social-democracia keynesiana que, de algum modo, tem sido a prática dos governos de António Costa. É esta a aproximação que existe entre a presidência da república e o governo e que bem serviu para retirar o país do atoleiro em que PSD/CDS o deixou em 2015 e tem servido hoje para ultrapassarmos da melhor maneira a crise do Covid-19. É portanto natural que o PS apoie Marcelo Rebelo de Sousa na sua candidatura às futuras eleições presidenciais. E não vejo razões para que Rui Rio também o não faça. Às forças neoliberais descasaladas do PSD de Rui Rio só lhes resta conformarem-se, o que não é muito do seu feitio, ou então procurarem um outro candidato, que não o seu candidato natural Passos Coelho que parece mostrar-se indisponível. Miguel Albuquerque parece emergir como candidato destas forças da direita. Aos sempre ressabiados e arrivistas do PS como Francisco Assis ou Ana Gomes resta-lhes, como sempre o fizeram, aproveitar qualquer momento para emergirem do isolacionismo em que se colocaram. Afirmar-se, como alguns já o anunciaram, que Ana Gomes poderia representar a esquerda, parece-nos um perfeito disparate. Ana Gomes representa-se apenas a si própria e pouco mais. Natural portanto que quer o BE quer o PCP apresentem o seu próprio candidato.