domingo, dezembro 13, 2020

A GRANDE FARSA

 Quando o PS tratou os seus companheiros da “geringonça” como “empecilhos”, o BE e o PCP deveriam ter compreendido que António Costa e o seu partido jamais contariam com eles para uma nova e semelhante solução governativa.

Sabendo contudo como a governação dos últimos quatro anos foi do agrado maioritário da população, o PS apressou-se a após as eleições legislativas a ensaiar novas “negociações” seguramente mais com o objectivo de tentar escapar ao ónus da extinção da geringonça do que obter qualquer previsível acordo.
E, pelo modo solitário como chegou à apresentação do Orçamento para 2020 não temos dúvida alguma de que se tratou apenas de um jogo e de uma farsa política.
O propósito de um orçamento tendo por base um modelo de desenvolvimento económico e social SEMELHANTE E EM CONTINUIDADE AO DE 2016 e que constituiu a chamada “Alternativa” nunca esteve, pós eleições, na mente de António Costa, de Centeno ou do PS.
António Costa regressou ao velho padrão do PS, ao modelo neoliberal de desenvolvimento, com um orçamento alinhado com tal modelo, ainda que mascarado aqui e ali com pequenos traços sociais, voltando assim ao grande rebanho da União Europeia, do seu parlamento, dos seus comissários e das suas políticas.
O PS e António Costa enterraram a “Alternativa” política (de que antes se gabaram) no mesmo instante em que enterraram a “geringonça”. O modelo alternativo Keynesiano de desenvolvimento social-democrata passou a constituir, pelos vistos, para António Costa e Centeno, não mais que um “empecilho” de que se desembaraçaram logo que puderam.
O PCP cedo entendeu isto, ao contrário do BE que ainda hoje choraminga perante o PS por ele não atender às suas propostas.
Nós sabemos no que vão dar estas novas políticas. Degradação das funções sociais do estado, Saúde, Educação, Segurança, agravamento da taxa de desemprego, défice e não saldo de 0,2%, défice por ventura superior a 1%, menos crescimento económico não de 1,9% mas talvez menor que 1,5%, menos emprego e mais emigração de quadros superiores e uma vida mais difícil para as famílias portuguesas.
Não era isto que o país esperava.