sábado, janeiro 16, 2021

OS COMENTARISTAS, A CRISE SANITÁRIA E O GOVERNO

 Os comentaristas que aparecem nas televisões, aqueles, sempre os mesmos, que tanto falam de futebol, dos incêndios florestais, da justiça, da economia e de tudo o resto como também naturalmente da Pandemia enfim, todos aqueles que as televisões apresentam como sábios de tudo e de mais alguma coisa, centram agora os seus discursos na evolução da pandemia que sofremos. E, não poupam críticas ao governo porque, segundo eles, o acréscimo de casos na região de Lisboa se deve a um desconfinamento precoce. Ora acontece que o desconfinamento se deu em todo o país pelo que, considerando as suas teses, o acréscimo de casos deveria acontecer proporcionalmente em todas as regiões, do Norte ao Algarve, o que na verdade não acontece. Outras razões haverá para o que se regista na região de Lisboa mas não se culpe o desconfinamento precoce nem se ataque o governo por isso.

Depois destes últimos meses de “convivência” com o vírus e do conhecimento que vamos tendo sobre o seu comportamento, a conclusão a que se chega é que teremos de viver de modo diferente ao costumado com respeito pelas precauções conhecidas. Nesta crise sanitária creio que não se coloca a questão das “pessoas ou da economia” uma vez que para o bem das próprias pessoas é indispensável que a economia funcione, pelo que terão de coexistir medidas de apoio à prevenção das pessoas como, e em simultâneo, medidas de prevenção ao melhor funcionamento da economia. Creio que tem sido isto que o governo vem equacionando e bem.
Enquanto não existir vacinas ou um tratamento eficaz, não se espere que o vírus desapareça por si, viverá ao nosso lado e teremos, sem receios mas com respeito, tomar as medidas de prevenção de há muito conhecidas. E haverá seguramente novos surtos dispersos, coisa que já vem acontecendo em muitos países.
Não estamos a assistir ao que aconteceu em Março. Aí assistimos a um crescimento muito rápido de casos. Tivemos 245 casos no dia 20/3 (data da declaração do estado de emergência) para de 22/3 a 28/3 obtermos em média diária 592 e na semana seguinte de 29/ a 4/4 verificarmos uma média diária de 757 casos. Foi nesta semana que se verificou um maior número. Depois os casos começaram a diminuir sendo a semana de 11/5 a 17/5 a que verificou o menor número médio diário até hoje com 207. Nas semanas seguintes os casos subiram um pouco, na casa dos 350, verificando-se na última semana de 6/7 a 12/7 uma média de 328 casos. Portanto, desde Maio que poderá considerar-se estar a Pandemia estável e controlada com surtos avulsos e ocasionais. E, com o SNS perfeitamente apto a responder às necessidades exigidas pelo vírus.
E será este o padrão que creio iremos ter nos próximos meses. Com as medidas de prevenção já decretadas, com a sua aceitação pelas pessoas, como de uma maneira geral se tem verificado, sem medos absurdos mas com sensatez e prudência poderemos atravessar a grave crise sanitária sendo participantes activos na economia que se deseja em crescimento.
Concordando com a actuação racional, equilibrada e atempada que o governo vem mantendo para com o desenrolar da Pandemia esperar-se-á apenas que ele exija, para maior tranquilidade de todos, o uso obrigatório de máscara fora de casa.
Mais cedo do que será previsível os países que hoje desconsideram Portugal pelo modo como a seu ver decorre a Pandemia acabarão por reconhecer o modo capaz, decente e mais racional e eficaz como o governo tem lidado com ela. (15.07.2020)