O "murro no estômago"
Independentemente das obscuras agendas das empresas de rating, o certo é que, com as medidas impostas pela Troika a Portugal, o país se vê impossibilitado de cumprir a curto e a médio prazo com o pagamento dos encargos da Dívida Pública. Aquelas medidas são de cariz recessivo e irão provocar seguramente mais recessão e desemprego. Não haverá assim crescimento económico nos próximos anos e, não havendo crescimento, não haverá condições aos pagamentos da Dívida.
Quando, os economistas do sistema contestam a decisão da Moody’s do corte de rating a Portugal, não será tanto pela lógica da decisão mas pela sua oportunidade. Argumenta-se que os técnicos da FMI, do BCE e da UE avaliaram o país e impuseram um “memorando” que está a ser cumprido pelo novo governo pelo que não faz sentido, neste preciso momento, avaliar tão negativamente as condições económicas e financeiras do país. Contudo, não existe contradição alguma entre a descida do rating e o previsível resultado da aplicação das medidas da Troika. A descida de rating traduz as consequências da aplicação futura do “memorando”, enquanto as avaliações dos técnicos do FMI, BCE e UE e as medidas por eles impostas, tiveram como única preocupação proteger os credores de Portugal.
Na verdade, o que preocupa a UE, FMI e BCE não será a correcção ou incorrecção da classificação da Moody’s mas o entrave que tal classificação causa na aplicação do governo das medidas impostas pela Troika. Isto é, a perturbação que poderá causar na aplicação do seu plano de salvaguardar os interesses financeiros das instituições financeiras credoras. O que a Moody’s fez foi desmascarar, por a nu, esta estratégia da EU, FMI e do BCE - salvar as oligarquias financeiras e desprezar o desenvolvimento económico e financeiro dos países em dificuldades. Quando o governo, o presidente da república, os economistas do sistema e os demais comunicadores nos pretendem fazer crer que Portugal “está no bom caminho”, eis que a Moody’s nos vem alertar de que o nosso futuro é mais recessão, mais desemprego e mais drama social.
E àqueles que questionam qual a alternativa, será necessário contrapor que o caminho seguido até aqui é que não constitui qualquer alternativa. Insistir num caminho que nos conduz a um maior desastre é um absurdo. Um outro caminho é possível. Desde logo renegociar com a UE com uma nova postura, não a do “bom aluno” submisso, mas a de um parceiro com condições a impor – admitindo tudo na mesa das renegociações - a hipótese do default, da auditoria da dívida e da saída do euro.
8 Comments:
Muito boa análise da situação.
Cumps
De acordo.... aliás, já há muito tempo....
A classificação da agência ...
Será porque...não se cumpre...pagando aos fornecedores a tempo e horas...se reduz inesperadamente os salários dos seus funcionários...se criam impostos ou contribuições especiais sobre pensões a meio do ano...se impõem tectos máximos sobre pensões no sector privado...( ninguém tem mais de doze ou treze salários mínimos - mesmo com direito a mais )se alteram projectos de investimento...só porque não se tem dinheiro para os pagar... se vê aflito para arranjar dinheiro emprestado...se vende património ....para equilibarar o orçamento....não se tem capacidade para fazer alterar as regras de funcionamento da UE...nem dinheiro para sustentar a defesa do mar...e quando não se antevê que de tanto sacrifício resulte melhoria de vida...e onde são constantes os apelos à caridade ....???
Enquanto a avalição de desempenho veio sorrateiramente só para a rapaziada... como forma de progressão e retribuição por mérito.... ( afinal não são todos iguais...)...ninguém ligou puto... já que isso era coisa da canalha...!!!
...o pior foi quando se lembraram de estender a ideia a tudo quanto mexe...seja empresa ..banco... ou País...
...é que afinal tudo é rapaziada...
Há quem diga que é necessário voltar-mos á agricultura...
...mas agora ....que a malta até já pensa que as batatas nascem todas com o mesmo calibre no Shopping....durante a noite ..??!
Realmente o Mundo está mesmo às avessas...imaginar eu que o D. Afonso Henriques se sujeitava a uma agência de Rating talvez Normanda...ou que mais recentemente o tipo germano de bigode se virou para a França só por razões de Rating...!??
Está-se mesmo a ver que esta malta só bebe leitinho ao pequeno almoço...
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Esta agora de todos se lembrarem que afinal é a UE que tem que tomar medidas globais para combater a crise ...e assumir que ela própria está em perigo de implosão....
..será que a malta tem lido este Blogge desde já há muito tempo..??
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