Controlar os preços á custa do estrangulamento da economia.
É provável que vivamos os últimos estertores do Modelo Económico Neoliberal tal como foi implantado há 30 anos. E o paradoxo é que a queda deste modelo será produto da sua própria origem: o controlo da inflação e da massa monetária.
O Marco Monetário de Milton Friedman (Monetary Framework, 1963) é uma variante da Teoria Quantitativa do Dinheiro (TQM) desenvolvida por David Hume em 1750. Segundo a TQM todo o aumento dos preços se deve ao aumento na quantidade de dinheiro. A reelaboração de Friedman deste conceito levou-o a idealizar uma solução para resolver os problemas inflacionários dos anos 60 e 70 a partir do controlo da quantidade de dinheiro necessário na economia.
O aumento dos preços afecta quem vive de um salário fixo, pois reduz-lhe o seu poder aquisitivo. Mas, e o que se passa se perde o emprego? Aí ficará com zero poder aquisitivo. Por isso não pode ser o único factor a ter em conta. E aí está o engano.
As políticas neoliberais fizeram o mesmo: preocuparam-se em controlar os preços à custa de estrangular a economia. E por certo, não lhes preocupa que haja mais desemprego: na hora de negociar terão sempre trabalhadores dispostos a trabalhar pelo salário mínimo. O controlo da inflação foi o engano do modelo económico vigente. E como prova disso, basta rever os dados da distribuição dos rendimentos em todos os países que seguiram a norma: em todos eles se ampliaram as desigualdades entre ricos e pobres.
O que é mais importante: cuidar do emprego, ou cuidar dos preços? A propósito, uma leve recordação sobre as políticas prévias à aplicação do modelo neoliberal: entre os anos 1940 e 1970 existiram fortes altas na inflação, mas o desemprego e o endividamento estavam sob controlo, e também foi o período de maior equidade social. Ao tentar controlar a variável preços aumentou o desemprego e o endividamento massivo.
(ler em El Blog Salmón)
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