Estamos a viver um Golpe de Estado (3)
(3)Dois caminhos opostos: o dos mercados ou o das pessoas
Apesar das contradições em que se
encontra envolvido o PS, visível pelo facto de por um lado manifestar-se contra
mais austeridade ou denunciando que o governo foi “além da Troika” na dose de
austeridade provocando assim uma recessão muito mais acentuada do que a
esperada (o que é verdade), ou manifestando-se contra os cortes retroactivos
nas pensões e cortes continuados nas funções sociais do Estado, na Saúde, Educação
e Protecção Social, mas por outro aceitar a diminuição do IRC para as empresas
e concordando com o novo tratado orçamental europeu, o PS contudo e apesar
destas incoerências, nas palavras dos seus dirigentes manifesta hoje uma intenção
clara de defesa do que resta do estado
social.
Ao contrário, o PSD e o CDS empenham-se
e continuam a desenvolver toda a sua política governativa, no sentido da
redução do estado-social, da
diminuição dos apoios do Estado na Protecção Social, na redução do subsídio do
desemprego e por uma mais curta duração, por menores abonos de família e menos
ampla a sua abrangência, por menos apoio à doença, à velhice, à Educação e à
Saúde.
Para eles, o país está bem não
quando as pessoas e as famílias vivam melhor e se sintam mais apoiadas pelo
Estado, não quando o Estado intervém efectivamente na distribuição da riqueza
gerada no país (repartindo parte da receita dos impostos progressivos em apoios
sociais) atenuando assim as desigualdades sociais; não quando o Estado assuma
activamente políticas de natureza social, mas quando o Estado se torne mínimo na sua intervenção social. Ainda que
ele se torne máximo no apoio à Banca
e às grandes empresas como tem sido visível e acontecido entre nós.
Para eles, o país está bem quando
os mercados financeiros e as grandes empresas se encontrem bem, ainda que a
esmagadora maioria dos portugueses se encontrem desesperadamente pior. O líder
parlamentar do PSD confirmou com a maior franqueza e sem qualquer pudor, esta
absurda e aberrante assunção ao dizer no congresso do PSD (de 22.02.2013) “ o país está melhor mas as pessoas vivem
pior”. Mais claro não poderia ser. O modelo económico que desejam para o
país, a economia que defendem não se mede pela melhor qualidade de vida e
bem-estar da população, pelo melhor salário dos trabalhadores, pela melhor
protecção à velhice, à doença e invalidez, pela melhor protecção ao desemprego
ou pelos melhores cuidados de saúde e educação. Não, para o PSD/CDS, a economia
mede-se unicamente pelo melhor bem-estar dos mercados financeiros. Em resumo, não é a economia que está ao serviço das
pessoas mas as pessoas que estão ao serviço da economia.
Na verdade, para o governo, para a direita neoliberal, o que determina
o progresso do país, o que realmente constitui o objectivo da economia, é a
acumulação do capital, é a optimização do lucro e não a satisfação do bem
comum, a satisfação das necessidades humanas colocando o bem-estar das
famílias, da população como o primeiro objectivo da economia.
Nesta crise financeira preferiram salvar os bancos a salvar a economia.
Nesta crise financeira preferiram salvar os bancos a salvar a economia.
Estamos perante duas concepções
de sociedade contraditórias. E não considero viável um “consenso” entre elas. A
ala neoliberal que controla hoje o PSD possui uma posição ideológica contrária
a toda a história do PSD desde a sua fundação. Nestes últimos 40 anos, o PSD
sempre se mostrou solidário com os princípios da social-democracia, nunca
colocando em causa o estado-social
nascido do 25 de Abril, nem afrontou como agora os princípios Constitucionais.
Não existiram na verdade, significativas diferenças ideológicas entre o PS e o
PSD nestas últimas quatro décadas e as disputas entre eles sempre se colocaram
em termos dos distintos modos de gestão da administração do Estado mas não num obsessivo
propósito de alteração dos princípios constitucionais. Neste cenário todos os
consensos seriam e tornaram-se possíveis. Acontece que hoje, com esta mudança
ideológica radical do PSD, com o rompimento com a social-democracia, torna-se
inviável qualquer consenso com o PS, a não ser que este partido despreze e abandone
as suas raízes sociais-democratas o que, a crer nas afirmações dos seus líderes,
não nos parece viável.
A insistência do PSD/CDS num
consenso com o PS tem além do mais um caracter de chantagem ao aproveitar-se e
usar a seu favor a chantagem continuada da Troika e dos mercados financeiros em
que se transformou o indispensável financiamento da Republica Portuguesa.
As “reformas” anunciadas pela
direita neoliberal e pelo governo, e para as quais clama obsessivamente o apoio
do PS, tidas como necessárias ao desenvolvimento económico e à sustentabilidade
do estado social, visam apenas o enfraquecimento das funções sociais do Estado
ou a sua aniquilação por asfixia, por redução das verbas mínimas indispensáveis
ao seu funcionamento. São verdadeiramente reformas
anti-sociais, que têm como objectivo último retirar rendimentos à maioria
da população para os entregar de mão beijada aos mais ricos. Enquanto se
retiram rendimentos aos mais pobres e remediados através dos cortes salariais,
cortes de pensões, cortes na Saúde e na Educação, diminuem-se os impostos às grandes
empresas e não se procuram mais receitas para o Estado através de uma
negociação justas das rendas especulativas da EDP ou das PPP. O governo toma o
partido dos ricos, da classe social mais privilegiada, contra a grande maioria
dos mais desfavorecidos, dos trabalhadores, dos pequenos industriais e
comerciantes, da classe trabalhadora. Porque muitos pequenos industriais e
pequenos comerciantes estão em vias de extinção engrossando a curto prazo a
classe dos trabalhadores. É a lógica deste novo “ajustamento”, diga-se
empobrecimento, imposto pelo capitalismo financeiro. É um verdeiro golpe de
estado, que visa impor aos portugueses, “custe o que custar” um novo modelo
social e económico tendo por objectivo restabelecer as relações de propriedade
e rendimentos existentes há décadas atras.
Procurar o consenso com o PS para
este desígnio será deveras muito difícil de obter.
3 Comments:
Agora...ando verdadeiramente entusiasmado com esta coisa da autonomia das escolas...e então quando ouço e leio que o objectivo é ter todas as escolas com autonomia...com projectos.... programas e métodos próprios...e até com liberdade para escolher os seus próprios professores...aí sim....!!!
Bom ....está claro que...é verdade que temos ( tal como ainda não há muito... tìnhamos...mas já lá vai...)...um País muito diversificado...tanto na planície como no planalto....então não é que desde lá de cima até cá em baixo são pá aí uns oitocentos quilómetros...com imensa autonomia de costumes...e hábitos culturais..políticos..religiosos e outros...com uma enorme diversidade de chouriço e morcela...batata ...vinho tinto... grêlos e couve galega...para não falar no gosto pelo cinema..teatro pintura...chinquilho...bisca e sueca...shoppings...eu sei cá...!!!?
De modos que o melhor será começar a estar atento e ir vendo como é que serão os novos processos autonómicos e de centros de recrutamento ....
porque o resto é garantido...alunos não faltam à procura da excelência por tudo quanto é autarquia distrital...concelhia .....
Já agora...como é que um cidadão entra para uma Unidade Familiar de Saúde ....???
Bom...bem sei que ....a população abrangida por cada USF corresponde aos utentes inscritos nas listas dos médicos que integram a equipa multiprofissional....e que os utentes inscritos em cada médico são designados em lista....
...mas...e como é que se entra na lista...???? saberá dizer-me caro Blogger...???
é que lá no sítio ninguém me sabe dizer....
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