quarta-feira, março 05, 2014

O plutonomy


Esta “conversa” do país está melhor mas as pessoas estão pior, não é nova no ideário neoliberal e o seu fundamento ideológico remonta já a alguns anos embora só agora se coloque em Portugal com a dimensão que todos presenciamos.
Uma análise recente de Noam Chomsky, evidencia uma tal situação com grande nitidez a propósito do modelo de contratação de professores nas universidades da USA.
Assim como a contratação de temporários se foi disseminando na sociedade no período neoliberal, o mesmo fenómeno ocorreu nas universidades. A ideia é dividir a sociedade em dois grupos. Um grupo é às vezes chamado de “plutonomia” (plutonomy, um termo usado pelo Citibank para aconselhar seus investidores sobre onde aplicar seus recursos), o sector top da riqueza, concentrado principalmente nos Estados Unidos. O outro grupo, o restante da população, é um “precariado”, as pessoas que vivem uma existência precária.
Esta ideia, por vezes, torna-se bastante evidente. Quando Alan Greenspan testemunhou perante o Congresso, em 1997, sobre as maravilhas da economia, ele disse directamente que uma das bases para o seu sucesso económico era o que ele chamou de “maior insegurança dos trabalhadores”. Se os trabalhadores estão mais inseguros, isso é muito “saudável” para sociedade, porque eles não vão ficar perguntando sobre seus salários, não vão entrar em greve, não vão pedir repartição de lucros, e vão servir a seus patrões de bom grado e de forma passiva.
Mas o uso de mão-de-obra barata e fragilizada no trabalho é uma prática tão antiga quanto a iniciativa privada e os sindicatos surgiram em resposta a ela.
“Flexibilidade” é um termo que é muito familiar para os trabalhadores na indústria. Parte daquilo que costuma ser chamado de “reforma laboral” consiste em fazer o trabalho mais “flexível”, ou seja, fazer com que seja mais fácil contratar e demitir pessoas. É, mais uma vez, uma forma de garantir a maximização de lucro e de controlo. “Flexibilidade”, supostamente, é uma coisa boa, assim como a “maior insegurança dos trabalhadores”.
Quando "o grupo" dos donos e gestores das instituições financeiras, das grandes empresas e os políticos seus mandatários, dizem que o país está melhor o que eles querem efectivamente dizer é que eles estão melhor ainda que o resto população esteja pior. Para eles, o país são eles próprios e a sua riqueza. Nada mais conta. O resto da população é apenas um “precariado” que os deve servir a troco dos mais baixos salários possíveis.  

 

1 Comments:

Anonymous Um judeusito said...

Mas que grande Post !!!


Mas deixe-me acrescentar que estas teorias como as de Alan Greenspan, só se aplicam durante uns tempos, e principalmente para a grande banca.

Foram essas ideias, que sem dúvida dão lucros a meia dúzia de bilionários, que levaram à crise de 1929.

Depois houve um período longo de crescimento, e sem crises - o período Keynesiano.

Desde que o Neo-Liberalismo regressou em força, e como prova o artigo, só a banca tem realmente ganho.
A industria está cada vez mais de rastos, e a agricultura também.

Mas nada disso importa para os Raiders da Bolsa... que vão dominando a Politica aqui e ali.



7:39 PM  

Postar um comentário

<< Home