O plutonomy
Esta “conversa” do país está melhor mas as pessoas estão pior,
não é nova no ideário neoliberal e o seu fundamento ideológico remonta já a
alguns anos embora só agora se coloque em Portugal com a dimensão que todos
presenciamos.
Uma análise recente de Noam
Chomsky, evidencia uma tal situação com grande nitidez a propósito do modelo de
contratação de professores nas universidades da USA.
Assim como a contratação de temporários se foi disseminando na
sociedade no período neoliberal, o mesmo fenómeno ocorreu nas universidades. A ideia é dividir a sociedade em dois
grupos. Um grupo é às vezes chamado de “plutonomia” (plutonomy, um termo usado
pelo Citibank para aconselhar seus investidores sobre onde aplicar seus
recursos), o sector top da riqueza, concentrado principalmente nos Estados
Unidos. O outro grupo, o restante da população, é um “precariado”, as pessoas
que vivem uma existência precária.
Esta ideia, por vezes, torna-se bastante evidente. Quando Alan
Greenspan testemunhou perante o Congresso, em 1997, sobre as maravilhas da
economia, ele disse directamente que uma
das bases para o seu sucesso económico era o que ele chamou de “maior
insegurança dos trabalhadores”. Se
os trabalhadores estão mais inseguros, isso é muito “saudável” para sociedade,
porque eles não vão ficar perguntando sobre seus salários, não vão entrar em
greve, não vão pedir repartição de lucros, e vão servir a seus patrões de bom
grado e de forma passiva.
Mas o uso de mão-de-obra
barata e fragilizada no trabalho é uma prática tão antiga quanto a iniciativa
privada e os sindicatos surgiram em resposta a ela.
“Flexibilidade” é um termo que é muito familiar para os
trabalhadores na indústria. Parte daquilo que costuma ser chamado de “reforma
laboral” consiste em fazer o trabalho mais “flexível”, ou seja, fazer com que
seja mais fácil contratar e demitir pessoas. É, mais uma vez, uma forma de
garantir a maximização de lucro e de controlo. “Flexibilidade”, supostamente, é
uma coisa boa, assim como a “maior insegurança dos trabalhadores”.
Quando "o grupo" dos donos e
gestores das instituições financeiras, das grandes empresas e os políticos seus
mandatários, dizem que o país está melhor
o que eles querem efectivamente dizer é que
eles estão melhor ainda que o resto população esteja pior. Para eles, o
país são eles próprios e a sua riqueza. Nada mais conta. O resto da população é
apenas um “precariado” que os deve
servir a troco dos mais baixos salários possíveis.
1 Comments:
Mas que grande Post !!!
Mas deixe-me acrescentar que estas teorias como as de Alan Greenspan, só se aplicam durante uns tempos, e principalmente para a grande banca.
Foram essas ideias, que sem dúvida dão lucros a meia dúzia de bilionários, que levaram à crise de 1929.
Depois houve um período longo de crescimento, e sem crises - o período Keynesiano.
Desde que o Neo-Liberalismo regressou em força, e como prova o artigo, só a banca tem realmente ganho.
A industria está cada vez mais de rastos, e a agricultura também.
Mas nada disso importa para os Raiders da Bolsa... que vão dominando a Politica aqui e ali.
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