domingo, fevereiro 22, 2015

O ultimato à Grécia e os governos derrotados

Depois do Ultimato lançado à Grécia (nas palavras do presidente do Eurogrupo “ou o governo grego aceitava uma extensão do memorando nas condições e exigências iniciais ou então não haveria acordo possível”) o Eurogrupo, na sua última reunião de sexta-feira, recua ao admitir agora discutir novas condições e exigências depois de analisada a proposta a apresentar pelo governo grego até à próxima segunda-feira.
Apenas dois países, Portugal e Espanha, pretendiam manter o ultimato à Grécia. Saíram derrotados.
Alguns jornais alemães terão mesmo informado que a ministra das finanças de Passos Coelho terá mesmo solicitado ao ministro das finanças alemão para manter o ultimato à Grécia.
Não foi atendida. Foi descartada. É o que costuma acontecer aos servos submissos e sabujos quando o seu senhor se cansa deles.
Os comentadores afectos ao governo vaticinam grandes cedências do governo grego. Na lógica de que para haver equilíbrio orçamental, ou se aumentam impostos ou se corta nas funções sociais do estado - na Educação, na Saúde ou na Protecção Social e, dizem, não haverá grande margem para novo aumento de impostos na Grécia.
Quando se fala em impostos será necessário afirmar antes, de que tipo de impostos se trata. Impostos que incidam sobre a maioria da população, sobre os trabalhadores ou impostos que incidam sobre os mais ricos. Isto é, estamos a falar de impostos sobre o trabalho ou impostos sobre o capital?
Ora, o que os governos do euro têm imposto aos cidadãos desde o início da crise financeira dos bancos, tem sido cortes sociais e aumento de impostos sobre unicamente o trabalho. Reformas fiscais no sentido de aumento de impostos sobre o capital é coisa que nenhum país tomou. Não se aumentou o IRC (em Portugal diminuiu), não se congelaram os benefícios fiscais às grandes empresas (em Portugal segundo TC em 2013 foram mais de 1.100 milhões de euros de isenções fiscais), não se taxam fortunas nem se aplicam taxas nas transacções financeiras, permite-se que grandes empresas fujam às suas obrigações fiscais pelo simples registo em paraísos fiscais, etc.
Não deverá surpreender ninguém se o governo grego apresentar na próxima segunda-feira um conjunto de reformas que, a par de uma profunda reforma fiscal que aplique impostos ao capital enuncie uma profunda reforma na administração pública no sentido de eliminar serviços paralelos parasitas e eliminar a corrupção.