O acordo da Grécia com o Eurogrupo
O governo de Passos Coelho e seus seguidores vêem tentando por todos os meios nos meios de comunicação social denegrir a imagem do governo grego afirmando por um lado que as promessas eleitorais do Syriza eram “delirantes” e como tal impossíveis de realizar e por outro lado propagando de que o governo grego cedeu em toda a linha, em formidáveis piruetas e que se viu obrigado a conformar-se com a continuidade das medidas da austeridade.
Isto é falso. E tem apenas a finalidade de tentar esconder as suas próprias debilidades e a sua própria derrota.
Na verdade, os amantes da austeridade e do dogma neoliberal não se conformam com a hipótese de um governo de um país do euro apresente uma alternativa à austeridade, daí que seja compreensível mas condenável, porque fogem à verdade, que tentem denegrir e falsear o acordo dos gregos com o Eurogrupo e assim justificarem o seu dogma do caminho único.
Sim, porque ao conseguir aplicar as suas políticas alternativas, o governo grego poderia demonstrar a grande falsidade, a ineficácia e inclusive a crueldade das políticas impostas às classes populares da Grécia e dos outros países da Eurozona.
Vamos então ver, do que constam afinal as "promessas delirantes" do Syriza: Numa palavra, elas resumem-se a um simples objectivo - parar com a austeridade, o que significa não aumentar impostos sobre o trabalho, não cortar salários nem pensões, acudir às emergências sociais, reintegrar funcionários públicos ilegalmente despedidos, aumentar o salário mínimo e reformar a administração e a fiscalidade.
Quanto às "cedências em toda a linha" do governo grego, que o governo de Passos Coelho e seus apoiantes tentam impingir a todo o custo e por todos os meios, elas traduzir-se-ão em: Os gregos conseguiram desactivar o acordo deixado por Samaras e pelo Eurogrupo para o corte das pensões e o aumento do IVA. O BCE irá desbloquear os lucros obtidos com a dívida grega, que ascendem a 1,9 mil milhões de euros, cerca de 1% do PIB grego. Apesar da regra de não-reversão das medidas do anterior governo, o governo grego irá reintegrar 2100 funcionários públicos ilegalmente despedidos, proceder a um aumento faseado do salário mínimo, recuperar os contratos colectivos de trabalho, parar com a política de privatizações e dar acesso à Saúde aos desempregados, efectuar uma reforma na Administração Pública que elimine serviços paralelos parasitários e combata a corrupção, proceder a uma reforma fiscal com lançamento de impostos sobre os mais ricos, sem falarmos já da diminuição do saldo orçamental primário anteriormente exigido (de 4,5% passou para 1,5%).
Na verdade, serão estes amantes da austeridade sem fim que terão de dar “formidáveis piruetas” para tentar encaixar a realidade miserável de uma Europa mais pobre e desigual em seus dogmas neoliberais.
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