Uma frente contra as polícas neoliberais
Independentemente do resultado final das negociações que o PS
encetou com o BE e o PCP com o objectivo de formar um governo maioritário no
parlamento o certo é que pela primeira vez na Europa do euro um partido
socialista português dá corpo e consistência a uma frente contrária às
políticas neoliberais, às políticas de empobrecimento das classes populares
(trabalhadores e classe média) numa transferência de rendimentos destas classes
para os mais ricos, às políticas de redução de salários e pensões e de cortes
nas funções sociais do estado (Educação, Saúde e Protecção Social), às políticas
que visam uma alteração do modelo social e económico vigente substituindo-o por
outro, às políticas de venda ao desbarato do património do estado, às políticas
que nas palavras do Papa Francisco cria uma nova ordem, uma nova “economia que mata”.
É algo de muito importante não apenas para Portugal mas
também para a Europa, até agora sonegada pelo domínio e interesses alemães. E o
mérito pertence sobretudo ao PS e a António Costa.
O que une o PS, BE e PCP é a sua contestação às políticas
neoliberais de destruição do estado
social, do aumento das desigualdades sociais e das reduções salariais e
precariedade no trabalho.
Acontece que antes do governo de Coelho e Portas nenhum outro
governo depois do 25 de Abril, de direita ou de esquerda, nenhum deles colocou
em causa o estado social. Só este último
governo PSD/CDS, aproveitando a vinda da Troika, tomou como seu primeiro propósito
tal objectivo. Sem máscara, Passos Coelho assumiu-o desde o início quando
afirmou: "independente daquilo que
foi acordado com a UE e o FMI, Portugal tem uma agenda de transformação
económica e social. Nesse sentido, o Governo incluiu no seu programa não apenas
as orientações que estavam incorporadas no memorando de entendimento como
várias outras que, não estando lá, são essenciais para o sucesso desta
transformação do país”.
É contra esta tentativa (em parte já conseguida) de “transformação
económica e social” que se insurge o PS e António Costa, o BE e o PCP, e é
sobre esta assunção política que reside a força da sua união.
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