domingo, dezembro 13, 2020

SERIA OU NÃO SERIA UMA NOVA GERINGONÇA, POUCO IMPORTA

 Nos últimos quatro anos o governo de António Costa governou à esquerda, isto é, adoptou uma prática política com medidas de natureza social-democrata.

E, foi precisamente este tipo de governação, que os portugueses tanto estimaram e que gostariam agora de ver repetida, que constituiu uma alternativa às políticas neoliberais de austeridade tidas pela União Europeia como as únicas capazes de relançar e desenvolver o país.
Este novo modelo alternativo e social-democrata de governação do PS rompeu e derrotou categoricamente a crença do “não há alternativa”, que todos os neoliberais, cá dentro e lá fora, repetiam dia a dia, dado os resultados extraordinários que obteve, social, económica e financeiramente.
Um novo modelo de governação no país, agora e pela primeira vez desde o período de consolidação da democracia pós 25 de Abril de 1974, conseguido por António Costa ao abrir as portas da governação, ainda que de forma indirecta, aos partidos à sua esquerda.
Este mérito jamais poderá ser retirado a António Costa e constituiu uma novidade política na Europa neoliberal que, a contra gosto, teve que suportar uma tal insubordinação, contrária às suas políticas de sentido único, do “não há alternativa”. Constituiu na verdade um feito extraordinário e todos os portugueses devem sentir-se orgulhosos por terem tido um governo que deu “lições” à Europa do euro e demonstrou como falsas e erradas são as políticas neoliberais de austeridade.
Chegados aqui, a questão não é saber da possibilidade ou não de uma nova geringonça. A questão fundamental é saber se António Costa prosseguirá uma política social-democrata em alternativa às políticas neoliberais ou se pelo contrário retrocede e retorna às políticas liberais ou mesmo neoliberais tão do agrado dos líderes europeus.
Os portugueses sabem que um apoio parlamentar ao futuro governo do PS oferecido por um qualquer partido à sua esquerda, pelo BE ou pelo PCP ou pelos dois como ocorreu nesta legislatura, traria a estabilidade governativa necessária à segurança de uma nova governação de natureza social-democrata, de defesa do estado social, de defesa do património público, de defesa dos direitos dos trabalhadores e de defesa do aumento significativo do salário mínimo.
Seria ou não seria uma nova geringonça, pouco importa. O fundamental reside em que seria salvaguardada a continuidade de uma política de natureza social-democrata com estabilidade governativa. Uma política progressista de devolução de rendimentos; recorde-se que do aumento “colossal” de 3.000 milhões de euros do IRS de Victor Gaspar apenas foram devolvidos cerca 1.000 milhões.
Uma política que só poderia dar bons resultados tal como os bons resultados obtidos nesta legislatura que agora finda. António Costa e o PS entenderam seguir por novos caminhos. Só o futuro nos permitirá retirar conclusões sobre a nova governação.
Contudo, António Costa estará seguramente ciente de que qualquer visível desvio político significativo na próxima legislatura em relação à sua última governação lhe trará custos políticos severos e redobrados.
Uma coisa é certa. A mais-valia que o país retirava e a admiração e o apreço que os trabalhadores dos diferentes países europeus sentiam pela “geringonça” sucumbiu de vez. A governação portuguesa passou a ser uma governação semelhante a tantas outras na Europa.
A “originalidade” portuguesa tão falada por esse mundo fora esfumou-se e desapareceu de vez.
Paz à sua alma.
Gosto
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