sábado, janeiro 16, 2021

A ESTRATÉGIA ERRADA E AVENTUREIRA DO BE

 Torna-se pouco compreensível para os portugueses de convicções verdadeiramente sociais-democratas a postura política do BE nas negociações que vem mantendo com o PS para a aprovação do orçamento de 2021. Na verdade, o BE com o seu radicalismo negocial parece estar mais interessado em confrontos que conduzem à ruptura das negociações do que a genuína procura de pontos de entendimento.

É uma estratégia pouco compreensível. O BE deveria compreender que só e quando o PS tem uma deriva neoliberal, como aconteceu com o PS de Sócrates, haverá espaço e condições para consolidar e ampliar os seus apoiantes. O BE tem um eleitorado muito flutuante, oscilando entre o BE e o PS consoante este se afasta ou aproxima das políticas sociais, das políticas genuinamente sociais-democratas.
Acontece que desde 2015, com António Costa, o PS tem governado com políticas e medidas inequivocamente de cariz social-democratas. Mais do que isso, conseguiu pela primeira vez desde o 25 de Abril criar uma frente de governação de esquerda com a chamada “geringonça”. Foi um feito com uma extraordinária dimensão política. E, com as negociações que vem mantendo com o BE e o PCP nos orçamentos de 2020 e 2021 tem procurado manter viva a frente de esquerda que soube então criar. Na situação da forte crise económica, orçamental e social em que o país vive, provocada pela Pandemia e seguindo o PS de António Costa políticas de cariz social, torna-se pouco compreensível que o BE com a sua intransigência para além do que é aceitável não compreenda o significado de uma ruptura da coligação parlamentar da esquerda. Naturalmente que sofrerá as consequências eleitorais deste seu comportamento nas próximas eleições legislativas tal como sofreu nas últimas eleições com o seu apoio ao aventureiro Pardal na greve dos motoristas de matérias perigosos. (21.10.2020)