A propaganda do governo e a realidade dos números
São três, os principais pilares da propaganda do governo com que nos últimos dias tem bombardeado a população e que constituem o estribilho desta poderosa ofensiva mistificadora difundida em tudo o que é órgão da comunicação social. São eles:
1.-O aumento das exportações
2.-A consolidação do crescimento económico
3.- A diminuição do desemprego
Vejamos, um por um, como são falsos e falaciosos tais anúncios.
1.-As exportações portuguesas, ao contrário do que o governo afirma, não estão nada dinâmicas. O “dinamismo” verifica-se apenas nos combustíveis minerais que cresceu de 8,6% de Jan/Set 2012 para 10,6% de Jan/Set 2013. Qualquer dos outros três maiores sectores exportadores, tiverem quedas naquele período. Assim:
Máquinas e Aparelhos caíram de 15,2% para 14,7%;
Veículos e outro material de transporte de caíram de 11,9% para 10,7%;
Metais Comuns caíram de 8,2% para 7,9%.
2.- Relativamente à “consolidação do crescimento”, nós verificamos que o crescimento económico está é tudo menos consolidado. Na verdade, se no 2º trimestre de 2013 ele teve um valor positivo de 0,8% do PIb, o certo é que já no trimestre seguinte, no 3º. Trimestre de 2013, ele caiu para 0,2% do Pib. Não parece que tal evolução traduza uma “consolidação” de crescimento.
3.- No que se refere às “melhorias no mercado de trabalho”, o que realmente se verifica é que a população empregada era de 4.656.600 em Setembro de 2012 e passou para apenas 4.553.600 em Setembro de 2013. Assim, em períodos homólogos, de Set. de 2012 para Set.de 2013 perderam-se mais de 100.000 empregos.
Mas muitos outros indicadores económicos desmentem a propaganda do governo, por exemplo:
(I) Em termos homólogos, o índice de VENDAS NA INDUSTRIA com destino ao mercado nacional registou uma variação de -2,2% em outubro (-1,0% no mês anterior).
(II) A variação homóloga do índice de vendas na indústria com destino ao mercado externo situou-se em 1,7% em outubro (5,3% no mês anterior).
(III) O índice de volume de negócios nos SERVIÇOS apresentou, em outubro, uma variação homóloga nominal de -4,0% (-2,9% no mês anterior). O índice de emprego diminuiu, em termos homólogos, 3,5% (variação de -3,1% em setembro).
(IV) O Consumo intermédio (CI) do RAMO AGRÍCOLA deverá registar, em 2013, um decréscimo nominal ligeiro face a 2012 (-0,2%), resultante de uma diminuição do volume (-2,6%) e de um aumento dos preços (+2,4%).
(V) No 3º trimestre de 2013 foram licenciados 4,1 mil EDIFÍCIOS E CONCLUÍDOS 4,7 mil edifícios em Portugal. Os EDIFÍCIOS LICENCIADOS diminuíram 20,6% face ao 3º trimestre de 2012, correspondendo a um decréscimo menos acentuado que no trimestre anterior (-18,4%). Os edifícios concluídos continuaram a diminuir em termos homólogos (-27,6%), e de forma mais acentuada que no trimestre anterior (-16,6%).
(VI) O CRÉDITO MALPARADO das empresas atingiu um record desde que o Banco de Portugal publica estes dados (1977), (4.265 e 2.341 milhões de euros só nos sectores da construção e actividades imobiliárias, respectivamente); o crédito malparado nos empréstimos à habitação igualmente atingiu em Outubro o seu máximo histórico de 2.390 milhões de euros.
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