terça-feira, dezembro 17, 2013

irrevogáveis farsantes


josetxo Ezcurra
Falam em melhoria da “economia”, seja lá o que isso for. Aqui e na Europa. Não se atrevem contudo, os nossos governantes e os seus parceiros da Troika, a falar de uma melhoria das condições de vida do povo ou da melhoria das condições sociais das populações. Não, as palavras social e povo parecem queimar-lhes a boca.
Mostram não compreender que o êxito ou fracasso de uma economia reside e se mede pela maior ou menor melhoria das condições de vida da maioria das famílias, dos cidadãos. Continuam a apregoar os benefícios da “economia que mata”, como denunciou recentemente o Papa Francisco, cegos em suas crenças ideológicas.
O objectivo último da Troika e do governo é a diminuição drástica, “custe o que custar” do nível de vida da maioria dos portugueses, o chamado “ ajustamento”, isto é, o empobrecimento da maioria dos portugueses. Foi sempre este o seu intuito.
E é por esta razão que a Troika, apesar dos acentuados desvios dos indicadores económicos acordados no memorando a cada avaliação, tem aprovado sem dificuldades as sucessivas avaliações ao cumprimento temporal do memorando. Enquanto a liquidação do estado social, as privatizações e a redução de salários e de pensões não estiverem consumados ou na dimensão desejada, as avaliações serão sempre positivas. Sabem que podem contar com o governo nesta missão.
Porque se os objectivos fossem na verdade a diminuição do desemprego e o crescimento económico e social do país, de há muito que teriam notado o falhanço das políticas de austeridade e mudado de rumo. Não é isso que acontece porque os objectivos são manifestamente outros. Discute-se hoje a questão do “programa cautelar” ou de um novo “resgate” ou uma saída à Irlanda. E há previsões na generalidade muito elaboradas para todos os gostos. Nós temos apenas uma certeza - a saída ou permanência da Troika, com programa cautelar, sem programa cautelar ou com qualquer outra coisa, está unicamente dependente da conclusão dos objectivos do governo e da Troika, isto é, do estado e da dimensão da liquidação do estado social, das privatizações do património do estado e da redução dos salários dos portugueses. Se a Troika se der por satisfeita quanto ao estado de liquidação destes objectivos, então regressaremos triunfalmente aos “mercados”, mas se tais matas ainda não estiverem atingidas então seguramente que a Troika permanecerá por cá, seja qual for o modelo da intervenção.
  É por esta razão que a discussão sobre o futuro do país depois do termo do memorando se reveste de grande mistificação. Estamos a viver uma farsa, com revogáveis ou irrevogáveis farsantes.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...



Se há coisa que eu gosto de ver ....são os nossos políticos...ao mais alto nível...a explicar o que os líderes europeus ou troikos quiseram dizer com as declarações que vêm fazendo sobre Portugal e a respeito da sua economia...política...tribunal constitucional....resgates... programas de assistência...e outras coisas do género.....

4:09 PM  

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