sábado, novembro 12, 2016

RUI RIO, O PRÓXIMO NOVO LÍDER DA DIREITA

Algo está a mudar nas forças da direita neoliberal nacionais.
Tais forças, apoiantes do governo de Coelho e Portas e das suas políticas neoliberais durante os últimos quatro anos, assistiram com preocupação à mudança governativa e à formação de um novo governo, agora do PS, com apoio parlamentar do PCP e BE.
Como Coelho, pensaram que seria muito difícil a António Costa e ao seu governo reverter as medidas de cortes de salários, pensões e benefícios sociais aplicadas pelo anterior governo PPD/PP sem que tal colocasse em causa a redução do défice público, o acerto das contas públicas e todas as outras imposições económicas e orçamentais de Bruxelas. E, que seria impossível ao actual governo gerir os compromissos que assumiu com os seus parceiros parlamentares face a tais exigências.
 Por tudo isto, as forças da direita neoliberal portuguesa decidiram apoiar desde a primeira hora, a estratégia de Passos Coelho de verdadeira “insurreição institucional” contra o governo de António Costa. 
O PPD e o seu parceiro de coligação, enveredaram pela prática de uma oposição de ruptura e subversão, que vive da criação sucessiva de factos políticos artificiais e fantasmagóricos e fora da realidade, colocando-se assumidamente fora do diálogo democrático e procurando criar um clima de instabilidade política permanente.
E com a comunicação social, hoje nas mãos de grandes interesses económicos e financeiros, parceira solícita na divulgação desta trama.
São muitos os exemplos ao longo do tempo do desenrolar desta estratégia. Começou com a recusa afrontosa de apresentação de propostas na discussão do orçamento de 2016, depois anunciaram “que o orçamento de 2016 era um “esboço”, que a Comissão Europeia não o aprovava, depois foi “a novela do “Plano B”, um plano de austeridade que o governo de António Costa “mantinha escondido”, novela que teve honras de divulgação de primeira página nos jornais e abertura de telejornais dias seguidos. E, quando o Programa de Estabilidade foi apresentado a Bruxelas e nele não constavam os cortes nas pensões e salários nem aumentos do IRC, IRS ou IVA (o tal plano B) afirmaram então com a maior das convicções que “tais cortes e aumentos não aparecem agora mas virão mais tarde”.
E, como não houve mais cortes nem as previsões diabólicas anunciadas por Coelho se materializaram, com os juros da dívida pública estáveis, com Bruxelas a suspender as sanções pelo défice excessivo de 2015 e o orçamento de 2017 aprovada pela maioria parlamentar, PS,PCP e BE e aceite, tudo o indica, pelo euro-grupo, esta estratégia de Passos Coelho, apostada no artificialismo e na invenção de casos políticos fantasmagóricos, perante esta realidade, apresenta-se aos olhos das forças da direita, como desajustada e sem mais razão de ser.
 Com o défice a recuar para 2,5 ou 2,7%, com o desemprego a baixar para 10,5%, mais do que previa Bruxelas, com o emprego a subir e as exportações a atingiram um valor record no último mês com dados conhecidos (Setembro) com um crescimento homólogo de 6,6%, com tudo isto, mais reforçada sai a convicção das forças da direita neoliberal da necessidade da mudança de estratégia.
Com a consolidação do governo de António Costa e com a economia a renascer das atribulações porque passou nos tempos do anterior governo e, com todos os índices económicos e sociais a desmentirem dia a dia as fabulações da coligação PPD/PP, compreendem as forças neoliberais de direita que a estratégia até aqui prosseguida por Passos Coelho se encontra esgotada e ultrapassada e que se torna necessário uma mudança e um novo líder para encabeçar uma nova estratégia.
 Será neste contexto que deverá ser lido o discurso de Rui Rio em recente entrevista a um jornal. Ele apresenta-se como o novo líder do PPD/PSD, capaz de liderar uma nova estratégia da direita.
Ninguém estranhará portanto, que a comunicação social mude de “tom”, e as fabulações de Coelho, até aqui por ela propagandeadas, passem a ser mais espaçadas e com um tempo de antena mais reduzido.
A mudança de líder e de estratégia da direita neoliberal já iniciou a sua marcha.