Cofres cheios … de dívida
Na verdade, a ministra acumulou cerca de 9.400 (Dezembro de 2014) milhões de euros de créditos dos credores internacionais. Foi ao mercado demasiado cedo e endividou o país em mais este montante a juros mais altos do que se tivesse ido mais tarde, dado que os juros das obrigações do Estado vêm diminuindo desde que o presidente do BCE Mario Draghi em Janeiro anunciou a compra de dívida pública dos países do euro (60 mil milhões de euros por mês, previsivelmente até Setembro de 2016).
Falhou nas previsões do valor dos juros e com isso obrigou os portugueses a pagarem mais pelos juros da dívida que contraiu fora de tempo. Mas sim, tem os cofres cheios de dívida. Recordemos que o valor da dívida pública passou de 151.775 milhões de euros (93,5% do PIB) em 2010 para 225.280 milhões de euros (130,2%) em 2014. Nestes últimos quatro anos, mais 73.505 milhões de euros de dívida, qualquer coisa como 18.400 milhões de euros por ano.
Com as eleições legislativas à porta, Maris de Luiz Albuquerque ultimamente não se limita a prestar informações técnicas sobre o seu ministério mas deu agora em entrar também na campanha de propaganda e mistificação política do seu governo. Diz a ministra que em 2011 “os portugueses tinham não só os cofres vazios como tinham também os bolsos vazios”. Se é certo que a crise internacional dos bancos, dos sistemas financeiros internacionais, elevaram os juros das dívidas públicas dos países economicamente mais frágeis do euro (Portugal, Grécia, Irlanda mas também a Espanha, Itália e mesmo a Bélgica e a França) a valores altos e inacessíveis, não é menos certo que os bolsos dos portugueses estavam então muito menos vazios do que se encontram hoje. Saberá a ministra ao certo o montante do dinheiro, o montante dos rendimentos, que nestes últimos três anos, 2012, 2013 e 2014, retirou dos bolsos dos portugueses? Por ventura ainda não se deu conta nem fez contas.
Em 2012, o governo de Coelho e Portas retirou dos “bolsos dos portugueses” 9.042,3 milhões de euros (resultado das chamadas medidas de consolidação orçamental, OE-2012) mais 3.226,3 milhões de euros como resultado da redução salarial dos trabalhadores do sector privado. Tudo somado temos para o ano de 2012 uma diminuição do rendimento das famílias portuguesas de cerca de 12.268,6 milhões de euros. Em 2013, não só manteve todos estes cortes como os agravou em mais 5.300 milhões de euros (na chamada consolidação orçamental para 2013) o que se traduz numa diminuição de dinheiro nos “bolsos dos portugueses” de cerca de 17.568,6 milhões de euros. Em 2014 não só manteve a austeridade de 2013como a agravou em 3.900 milhões de euros, isto é, retirou dos “bolsos dos portugueses” mais 21.468,7 milhões de euros.
Tudo somado verifica-se que os “bolsos dos portugueses” estão hoje, após estes três anos, mais “vazios” em cerca de 51.306 milhões de euros do que estavam em 2011. Então senhora ministra, ainda tem vontade de brincar, de manipular, de mistificar politicamente com a desgraça e a miséria que a senhora e o seu governo impos aos portugueses desde 2011?
A senhora e o seu governo retiraram ao rendimento das famílias portuguesas, retiraram da capacidade aquisitiva das famílias, retiraram da economia, um montante astronómico, quase ao equivalente ao empréstimo da Troika e tem a ousadia de querer comparar o rendimento dos portuguese obtidos em 2011 com os que obtêm hoje?
Cegos em seus preconceitos ideológicos, sem um pingo de vergonha, sem qualquer valor ou sentido patriótico, ousam pretender manter e agravar, a austeridade sem fim com que empobrecem os portugueses e tornam a economia portuguesa cada vez mais débil e miserável?
Tenham vergonha!
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