As palavras sobre
Portugal do ministro das finanças alemão Wolfgang Schauble na reunião do
Eurogrupo que ontem decorreu em Bruxelas, classificadas ingenuamente por alguns
comentadores como insensatas e irresponsáveis, foram conscientemente muito para
além disso. Svhauble no Eurogrupo é o líder patrão onde todos se vergam à sua
vontade como inequivocamente ficou demonstrado na sua actuação aquando do
confronto do governo da Grécia com as instituições europeias. É a sua opinião
que prevalece e para tanto não é preciso falar muito.
A dúvida que tínhamos
sobre o comportamento do Eurogrupo consistia em saber se colocado perante um
governo que embora diga desejar cumprir com os tratados europeus assume
manifestamente uma actuação política contrária à austeridade, permitiriam na
Europa do euro “uma tal experiência” ou a liquidavam logo de raiz.
Passados uns primeiros
momentos de hesitações, a resposta não poderia ser mais clara pela voz do
ministro das finanças alemão – não permitiremos um outro caminho que não seja o
da “austeridade redentora”, o do “empobrecimento” ainda que expresso por outras
palavras.
Tanto bastou para que
o BCE, obediente às ordens de seu dono, deixasse de adquirir dívida portuguesa
no mercado secundário ou mesmo, quem sabe, tomando uma actuação inversa,
vendendo dívida, o que provocou uma brutal subida nos juros da dívida pública soberana.
A decisão estará
tomada. A Alemanha não quer “maus alunos” e não admite alternativas. Ou lhe
obedecem e terão a sua condescendência ou sofrerão as pesadas consequências da
sua rebeldia. Não há outro caminho.
De nada valem as
eleições, de nada vale a vontade democrática das pessoas. A “credibilidade” dos
governos reside apenas na sua fidelidade à vontade alemã.
Pouco importa se os
governos são bons ou maus, constituídos por ladrões, salteadores ou pessoas
honestas, tanto faz, ou são submissos e obedientes e impõem sem reservas ou
hesitações as políticas de austeridade impostas pela Alemanha ou vêem o pescoço
apertado no garrote dos “mercados”.
Ou então, tratou-se
por enquanto e apenas por enquanto, de um sério e brutal aviso ao governo e ao
povo português.
Pelo sim, pelo não,
acautelem-se.
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