sexta-feira, fevereiro 12, 2016

A DITADURA ALEMÃ


 

As palavras sobre Portugal do ministro das finanças alemão Wolfgang Schauble na reunião do Eurogrupo que ontem decorreu em Bruxelas, classificadas ingenuamente por alguns comentadores como insensatas e irresponsáveis, foram conscientemente muito para além disso. Svhauble no Eurogrupo é o líder patrão onde todos se vergam à sua vontade como inequivocamente ficou demonstrado na sua actuação aquando do confronto do governo da Grécia com as instituições europeias. É a sua opinião que prevalece e para tanto não é preciso falar muito.
 A dúvida que tínhamos sobre o comportamento do Eurogrupo consistia em saber se colocado perante um governo que embora diga desejar cumprir com os tratados europeus assume manifestamente uma actuação política contrária à austeridade, permitiriam na Europa do euro “uma tal experiência” ou a liquidavam logo de raiz.

 Passados uns primeiros momentos de hesitações, a resposta não poderia ser mais clara pela voz do ministro das finanças alemão – não permitiremos um outro caminho que não seja o da “austeridade redentora”, o do “empobrecimento” ainda que expresso por outras palavras.

 Tanto bastou para que o BCE, obediente às ordens de seu dono, deixasse de adquirir dívida portuguesa no mercado secundário ou mesmo, quem sabe, tomando uma actuação inversa, vendendo dívida, o que provocou uma brutal subida nos juros da dívida pública soberana.

 A decisão estará tomada. A Alemanha não quer “maus alunos” e não admite alternativas. Ou lhe obedecem e terão a sua condescendência ou sofrerão as pesadas consequências da sua rebeldia. Não há outro caminho.

 De nada valem as eleições, de nada vale a vontade democrática das pessoas. A “credibilidade” dos governos reside apenas na sua fidelidade à vontade alemã.

Pouco importa se os governos são bons ou maus, constituídos por ladrões, salteadores ou pessoas honestas, tanto faz, ou são submissos e obedientes e impõem sem reservas ou hesitações as políticas de austeridade impostas pela Alemanha ou vêem o pescoço apertado no garrote dos “mercados”.

 Ou então, tratou-se por enquanto e apenas por enquanto, de um sério e brutal aviso ao governo e ao povo português.

Pelo sim, pelo não, acautelem-se.