VITÓRIA DE PIRRO
Será cedo talvez para se
retirarem conclusões.
Contudo, a subida
brusca dos juros da dívida pública portuguesa verificada nos últimos dias,
estavam em 2,60% há cerca de quinze dias, subindo bruscamente de há três ou
quatro dias atras para os 4,42% hoje, leva-nos a concluir tratar-se de um claro
ataque ao governo português e à proposta de Orçamento para 2016, que como
sabemos, é ideologicamente contrário aos do anterior governo de direita.
Pelo decorrer das
negociações do esboço do Orçamento que o governo teve com Bruxelas,
constatou-se que este Orçamento não agrada aos líderes eurocratas embora, com
muitas reservas, o deixassem passar.
Estamos ainda a mais
de um mês da aprovação do Orçamento na Assembleia da Republica prevista para 24
de Março. Mas, a manter-se o rimo dos últimos dias da subida de juros da dívida
pública chegar-se-á a meados de Março com juros altíssimos e insuportáveis.
Será que o Eurogrupo,
a CE, a Troika, estão de facto tão obstinados em suas políticas de austeridade,
obrigando os países a seguirem cegamente e sem recusas as suas directrizes
mesmo quando à revelia da vontade dos seus povos expressa democraticamente nas
urnas, indo ao ponto de lançar o euro numa nova crise e provocando mais
instabilidade financeira na Europa?
Não estranho que seja
essa a sua estratégia. Sempre se mostraram inflexíveis na sua ortodoxia.
A sua cega e dogmática
obstinação não permite que uma alternativa possa triunfar. Tal seria o
reconhecimento de que a austeridade imposta seria escusada e um outro caminho
diferente sem causar tanta desigualdade e tanto empobrecimento seria possível.
Não o permitiram na Grécia, onde o governo tentou uma alternativa, ali negando
declaradamente a obediência aos tratados de Bruxelas, como dificilmente o
permitirão agora em Portugal com um governo que se esforça por obedecer às
exigências dos tratados.
Uma coisa é certa. Ou
dão tréguas e terminam com esta “guerra surda” contra o governo português,
veiculada internamente pela gritaria da direita radical ou muito em breve
teremos uma grave crise política no país. E de pouco valerá à direita radical
atirar então culpas ao PS, porque quem sofrerá será certamente, uma vez mais, o
povo português.
Aqui sim, residirá uma
verdadeira vitória de Pirro da direita.
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