quinta-feira, fevereiro 11, 2016

VITÓRIA DE PIRRO


Será cedo talvez para se retirarem conclusões.

Contudo, a subida brusca dos juros da dívida pública portuguesa verificada nos últimos dias, estavam em 2,60% há cerca de quinze dias, subindo bruscamente de há três ou quatro dias atras para os 4,42% hoje, leva-nos a concluir tratar-se de um claro ataque ao governo português e à proposta de Orçamento para 2016, que como sabemos, é ideologicamente contrário aos do anterior governo de direita.

Pelo decorrer das negociações do esboço do Orçamento que o governo teve com Bruxelas, constatou-se que este Orçamento não agrada aos líderes eurocratas embora, com muitas reservas, o deixassem passar.

Estamos ainda a mais de um mês da aprovação do Orçamento na Assembleia da Republica prevista para 24 de Março. Mas, a manter-se o rimo dos últimos dias da subida de juros da dívida pública chegar-se-á a meados de Março com juros altíssimos e insuportáveis.

Será que o Eurogrupo, a CE, a Troika, estão de facto tão obstinados em suas políticas de austeridade, obrigando os países a seguirem cegamente e sem recusas as suas directrizes mesmo quando à revelia da vontade dos seus povos expressa democraticamente nas urnas, indo ao ponto de lançar o euro numa nova crise e provocando mais instabilidade financeira na Europa?

Não estranho que seja essa a sua estratégia. Sempre se mostraram inflexíveis na sua ortodoxia.

A sua cega e dogmática obstinação não permite que uma alternativa possa triunfar. Tal seria o reconhecimento de que a austeridade imposta seria escusada e um outro caminho diferente sem causar tanta desigualdade e tanto empobrecimento seria possível. Não o permitiram na Grécia, onde o governo tentou uma alternativa, ali negando declaradamente a obediência aos tratados de Bruxelas, como dificilmente o permitirão agora em Portugal com um governo que se esforça por obedecer às exigências dos tratados.

Uma coisa é certa. Ou dão tréguas e terminam com esta “guerra surda” contra o governo português, veiculada internamente pela gritaria da direita radical ou muito em breve teremos uma grave crise política no país. E de pouco valerá à direita radical atirar então culpas ao PS, porque quem sofrerá será certamente, uma vez mais, o povo português.

Aqui sim, residirá uma verdadeira vitória de Pirro da direita.