Toda a
gente reconhece que este Orçamento não agrada a Bruxelas, hoje liderada pelas
políticas neoliberais da austeridade sem fim. E como gostaria de ter em Portugal
um governo que comungasse dos mesmos ideais, que fosse bom aluno e impusesse
sem discussão as suas medidas. Todos sabemos isso.
Não há
duvida que a CE, a Troika, os “mercados”, enfim, os poderosos interesses
financeiros e corporativos que hoje dominam a Comissão Europeia, não colhem
qualquer simpatia pelo governo de António Costa.
Daí que
a qualquer, ou melhor, ao mínimo desvio dos índices acordados, a verificarem-se
na execução orçamental, se possa esperar a mais violenta reacção da CE (António
Costa não pode esperar de Bruxelas a mesma benevolência que teve Passos Coelho
quando falhou todos os índices previstos no memorando, défice, dívida,…). E com
os “mercados” na expectativa da reacção de Bruxelas, prontos a tal chamamento
punitivo.
A dúvida
será, face à débil situação não apenas financeira e social da Europa do euro, saber
se a Comissão Europeia estará dispostas a arriscar com os custos sistémicos que
o efeito da subida dos juros da dívida pública portuguesa para valores
incomportáveis provocará e trará ao euro. Se o governo está em equilíbrio
instável e com o cutelo ou o garrote da CE e dos “mercados” ao pescoço, não é
menos certo que a CE se encontra também em semelhante equilíbrio instável e com
uma opção arriscada de tomar. Valerá a pena aventurar-se, assumindo uma posição
de força com Portugal (como deseja a direita radical portuguesa) ou, mais
sabiamente talvez, ir seguindo e gerindo com cautela os eventuais desvios
orçamentais do governo?
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