segunda-feira, dezembro 05, 2016

ESTE MAL-ESTAR SOCIAL QUE PERCORRE A EUROPA

Os ricos andam assustados com os referendos e com o sentimento cada vez mais forte dos europeus de que o euro foi apenas um engodo, que as suas vidas estão cada vez mais difíceis e que o futuro dos seus filhos e netos tornar-se-á mais difícil ainda. Foi um engodo porque lhes fizeram crer que as suas vidas seriam mais facilitadas com a entrada no euro, que os países mais ricos e desenvolvidos dariam condições para que os países menos desenvolvidos evoluíssem numa convergência acelerada e assim em poucos anos os cidadãos europeus teriam condições semelhantes quanto ao bem-estar social, trabalho e rendimentos. Passariam a viver numa comunidade em condições económicas e sociais semelhantes
  Tudo afinal não passava de uma grande ilusão. Os países mais ricos tornaram-se cada vez mais ricos e egoístas, não se mostraram solidários nos apoios para uma convergência económica e social, bem pelo contrário, arrasaram as indústrias dos países menos desenvolvidos do euro através do crédito fácil e barato e do endividamento enquanto inundavam os seus mercados com as suas mercadorias baratas. Quem não se lembra das “ajudas” para o arranque da vinha e do olival, para o encerramento de indústrias, para o abate da frota pesqueira e de outras “ajudas” de igual sinal. É inequívoco que a capacidade produtiva do nosso país tem vindo a decrescer desde a nossa entrada no euro.
E a Ordem instalada em Bruxelas mantém e acentua as desigualdades entre os povos dos países do euro. Há benefício dos países mais desenvolvidos em prejuízo dos países menos desenvolvidos. Esta é a lógica do euro, uma competição desenfreada entre países com o poder nas mãos dos países mais ricos e a subjugação dos países mais pobres aos seus interesses egoístas, através das Ordens de Bruxelas e do Eurogrupo. Souberam criar condições para o endividamento dos países mais pobres e agora têm-nos nas mãos manobrando-os como marionetes a seu belo prazer.
Mas os ganhos deste acentuar das desigualdades entre países, não favorece, ao contrário do que seria de esperar, os próprios cidadãos dos países mais ricos. Os seus rendimentos vêm permanecendo constantes ao longo dos últimos anos e até com alguma degradação das suas condições materiais de vida. Os ganhos de produtividade vão para outras mãos que não a dos trabalhadores desses países. Os ganhos vão para os paraísos fiscais onde os ricos escondem o seu dinheiro e para os mercados financeiros onde os ricos colocam o seu dinheiro.
É por esta razão que também os povos dos países ricos se vêem manifestando contra o euro. E, como dos partidos tradicionais não se ouve uma palavra contra este estado de coisas, não pretendem acabar com os paraísos fiscais que é um cancro social, nem combatem as desigualdades, os povos viram-se para novos partidos que dizem defender os seus direitos e as suas condições materiais de vida. De direita ou de esquerda, mas que possuem em comum a sua oposição ao euro e a este mal-estar social que percorre a Europa.

1 Comments:

Blogger Pata Negra said...

Em nome da velha amizade blogosférica, venho aqui só para te desejar bom natal, o que, embora banal, já não é pouco!
Um abraço sério e nem por isso porco - Rei dos Leittões

10:35 PM  

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