sexta-feira, dezembro 02, 2016

SERÁ QUE HÁ FALTA DE UMA POLÍTICA ECONÓMICA DO GOVERNO OU ANTES, SERÁ QUE “HÁ FALTA” DE UM CERTO MODELO DE POLÍTICA ECONÓMICA RECLAMADO PELA DIREITA NEOLIBERAL?

A política do governo não é seguramente a política económica que os neoliberais desejam e que foi praticada pelo governo do Coelho/Portas. Uma doutrina neoliberal, partindo do pressuposto que a Oferta gera a sua própria Procura e requer portanto, que todas as preocupações do Desenvolvimento Económico se devem centrar no apoio e incentivos a quem Produz. Redução de impostos a quem produz, facilidades de despedimento nas fábricas e oficinas de quem produz, redução de salários dos trabalhadores de quem produz, facilidades de crédito a quem produz, alargamento de horário dos trabalhadores de quem produz, etc.
A política do governo de António Costa é uma política diferente que coloca em prática a doutrina social-democrata e que tem uma outra visão do Desenvolvimento Económico, principalmente em períodos de crise e retracção económica. Considera, que sobretudo nestes períodos de retracção, é preciso incentivar o Consumo, mais do que incentivar a Oferta, aumentando a capacidade de compra e de rendimentos da população, dinamizando o mercado de bens e assim provocando uma recuperação económica ou, como keynes demonstrou, “a miséria é também ruim para os ricos, e não apenas para os pobres”.
Para os neoliberais, o Orçamento do governo de António Costa “não investe nem incentiva o Investimento” porque ele aumenta o salário mínimo, não reduz o IRC nem facilita mais ainda os despedimentos, etc, e à luz da doutrina neoliberal terão toda a razão em considerar que “há falta de uma política económica do governo”, isto é, há falta da sua política económica.
Mas, para os sociais-democratas Keynesianos, o governo ao incentivar o Consumo através da melhoria dos rendimentos das famílias, quer através do aumento dos salários e pensões quer através do aumento dos múltiplos subsídios sociais, está precisamente a criar condições para o Desenvolvimento Económico e para a melhoria da Economia. Uma Economia que acredita que só “estará melhor se as famílias portuguesas também estiverem melhores”.