AUXILIAM-SE OS DESGRAÇADOS, OS MAIS MISERÁVEIS AO MESMO TEMPO QUE SE EMPOBRECE TUDO O RESTO
Apelidados de “empecilhos”, mal
tratados e enxovalhados pelo PS, recusada a sua colaboração nos moldes
anteriores logo após a vitória socialista nas eleições, os dois partidos
parceiros da “geringonça”, BE e PCP, deveriam ter desde logo compreendido que o
António Costa pós-eleições já não era o mesmo António Costa da “geringonça”
como igualmente também o PS já não era o mesmo PS dos últimos quatro anos.
Com a esperteza que lhe é reconhecida, ciente do afecto que os portugueses sentiam pela “geringonça”, o novo António Costa tratou de simular, de encenar que desejava, ainda assim, um apoio e colaboração semelhante ao que se verificou na legislatura anterior.
Na verdade, António Costa e o PS acabavam
por alterar e mesmo inverter a estratégia política, o modelo social que foi seguido
na legislatura anterior. Uma estratégia e um desenvolvimento económico e social
não já baseado em políticas de devolução de rendimentos mas, ao contrário, baseado
na estagnação de devolução de rendimentos ou até, na verdade, de redução de
rendimentos como é o caso dos aumentos abaixo da inflação de 0,3% nos
vencimentos dos funcionários públicos e nas pensões, política salarial que irá
ser seguida como sempre o foi pelo patronato privado. Os aumentos superiores à
inflação dos mais pobres vêm apenas confirmar a natureza neoliberal destas
políticas. Auxiliam-se os desgraçados, os mais miseráveis ao mesmo tempo que se
empobrece tudo o resto.
Eternizam o corte de rendimentos do IVA da
electricidade como eternizam o “colossal” corte em IRS de Gaspar. Restando por
devolver cerca de 2.000 milhões de euros nada de significativo é devolvido no
orçamento de 2020 e nos seguintes. O secretário de estado das finanças prometeu
que em 2021 haveria uma “grande” devolução de IRS, nada mais, nada menos, do
que 200 milhões de euros. Como dizia a outra, “só com um pano encharcado nas
trombas”. Mas, tais palavras tornam claro a política que o PS pretende
prosseguir em futuros orçamentos. A política de estagnação e do empobrecimento.
Na discussão do orçamento o BE e o
PCP andaram entretidos a discutir, rivalizando entre si, qual deles obtinha
mais “migalhas orçamentais”. Como actores menores do jogo teatral, da encenação
montada por António Costa.
Não terão compreendido que face à
nova postura política do PS, uma nova atitude seria requerida. Ambos teriam a
ganhar, assim ambos perderam. Mais o PCP que ainda não compreendeu que não é
para o BE que perde votos mas para o PS.
António Costa e o PS não tiveram
durante a discussão do orçamento a oposição de esquerda que ambos mereciam. Para
não falar da ridícula e lastimável oposição de direita que tiveram.
Percebe-se assim por que Costa e
Centeno saíram da votação do orçamento às gargalhadas e aos abraços.
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