quinta-feira, dezembro 19, 2019

A GRANDE FARSA


Quando o PS tratou os seus companheiros da “geringonça” como “empecilhos”, o BE e o PCP deveriam ter compreendido que António Costa e o seu partido jamais contariam com eles para uma nova e semelhante solução governativa.

Sabendo contudo como a governação dos últimos quatro anos foi do agrado maioritário da população, o PS apressou-se após as eleições legislativas a ensaiar novas “negociações” seguramente mais com o objectivo de tentar escapar ao ónus de tronar-se responsável pela extinção da geringonça do que para obter qualquer previsível acordo.

E, pelo modo solitário como chegou à apresentação do Orçamento para 2020 não temos dúvida alguma de que se tratou apenas de um mero jogo, de uma farsa política.

O propósito de um orçamento tendo por base um modelo de desenvolvimento económico e social SEMELHANTE E EM CONTINUIDADE AO DE 2016 e que constituiu a chamada “Alternativa” à austeridade nunca esteve, pós eleições, na mente de António Costa, de Centeno ou do PS.

António Costa desejou antes regressar ao velho padrão do PS, ao modelo neoliberal de desenvolvimento, com um orçamento alinhado com tal modelo, ainda que mascarado aqui e ali com pequenos traços sociais, voltando assim às políticas do pensamento único, às políticas do "não há alternativa" tão do agrado  da União Europeia, do seu parlamento e dos seus comissários.  

O PS e António Costa enterraram a “Alternativa” política (de que antes se gabaram) no mesmo instante em que enterraram a “geringonça”. O modelo alternativo Keynesiano de desenvolvimento social-democrata passou a constituir, pelos vistos, para António Costa e Centeno, não mais que um “empecilho” para o novo governo e dele se desembaraçando logo que puderam.

O PCP cedo entendeu isto, ao contrário do BE que ainda hoje choraminga perante o PS por ele não atender às suas propostas.

Nós sabemos no que vão dar estas novas políticas. Degradação das funções sociais do estado, Saúde, Educação, Segurança, agravamento da taxa de desemprego, défice e não saldo de 0,2%, menos crescimento económico e nunca de 1,9%, menos emprego e mais emigração de quadros superiores e uma vida mais difícil para as famílias portuguesas.

Não era isto que o país esperava.