O DISCURSO DE RUI RIO
O discurso de Rui Rio, no final do
congresso do PSD, foi na verdade um discurso demagógico e retrógrado na
interpretação que fez da realidade nacional mas com um apontamento louvável,
rigoroso e oportuno quando se referiu à questão da justiça.
Retrógrado quando insiste em
ressuscitar o modelo de desenvolvimento económico e social do século dezoito quando
afirma que “ao contrário do governo, o modelo de desenvolvimento do país deve
assentar na Produção e não no Consumo” ou, o mesmo é dizer que é necessário
privilegiar os incentivos à oferta “a Oferta cria a sua própria Procura” (lei
de Say, 1803), ao contrário do modelo de desenvolvimento social-democrata que
decorre da teoria keynesiana, em que “a Procura agregada determina o nível da
oferta agregada” e, consequentemente, o nível da renda de equilíbrio da
economia de um país.
É o regresso às teorias da Troika,
com privatizações (entendidas como meio de favorecer a Oferta (ou a Produção na
versão de Rui Rio) e com diminuição de salários (igualmente favorecimento da
Oferta) teorias que resultaram não no ressurgimento económico do país mas
apenas em menos investimento, mais desemprego, mais falências de empresas,
maior dívida pública (passou de 93% de 2010 para 130% em 2015), menor
crescimento económico (retracção do PIB de 2011 a 2015 em 4%, Coelho foi o
único primeiro ministro que deixou mais pobre o país do que o encontrou). Só
faltou dizer a Rui Rio, para completar o pacote do FAVORECIMENTO da Oferta, que
o IRC deveria descer (apesar de já o ter afirmado várias vezes) como condição
necessária para “o relançamento económico”. Entretanto, em completa
contradição, lamenta que os salários praticados sejam demasiado baixos.
Demagógico porque faz um
empolamento populista dos problemas que existem nos serviços públicos.
Esquecendo-se que as carências que neles subsistem foram criadas ou severamente
agravadas pelo anterior governo do seu partido em coligação com o CDS. Claro
que com a sua visão neoliberal quando assim fala não é porque esteja empenhado
na melhoria dos serviços públicos mas antes, ao contrário, na passagem destes
para as mãos de privados. Com o velho pretexto de que é melhor a gestão
privada, apesar dos recentes desmentidos como foram os casos da falência e
péssima gestão dos bancos (socorridos com o dinheiro dos contribuintes), da PT,
dos Correios entre outros.
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