OS ELOGIOS A CENTENO
Quando o
presidente da CIP, António Saraiva, elogia o governo pela adopção que tomou
relativa ao valor do défice, dizendo “ o governo está no bom caminho” torna
claro o sentido político da decisão de Centeno.
Ao afirmar
que esta decisão é indispensável à sustentabilidade das “contas públicas”
porque não quer “regressar a um passado recente” interpretando assim a vinda da
Troika e as dificuldades porque o país e os portugueses passaram como o resultado
das “más políticas” do governo de Sócrates, está a utilizar a mesma
argumentação que ouvimos a direita repetir durante os anos da governação
Coelho/Portas.
Apesar dos
erros cometidos pela governação do anterior governo do PS, e foram muitos, a
causa primeira das dificuldades sentidas pelo país tiveram origem na crise
financeira internacional iniciada em 2008. A crise atingiu todos os países, e
não foram seguramente as “más políticas” do governo Sócrates que provocaram o
resgate da Irlanda, da Grécia ou as dificuldades sentidas pela Espanha, Itália
e muitos outros países.
Retomar o
falso discurso da direita para justificar uma decisão política é, no mínimo, de
uma tremenda infelicidade. Uma tal inversão da interpretação histórica da
realidade feita por Centeno está já a merecer elogios do “patrão dos patrões”,
do presidente da CIP António José Saraiva quando diz que com tal medida “o
governo está no bom caminho”.
António
Costa poderia e deveria ter dialogado com seus parceiros que com os seus votos
aprovaram o Orçamento para 2018 com a previsão de um défice de 1,1% e negociado
um valor alternativo. Facilmente se chegaria ao valor de 0,9% que creio seria aceitável
pelo BE e PCP e evitaria a infeliz argumentação de Centeno e a desconfiança
agora instalada nos seus parceiros e nas famílias quanto ao sentido político
futuro da acção política do governo.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home