Anunciou recentemente o governo que o Défice para 2007 deverá ser inferior ao previsto.
Depois do foguetório que Teixeira dos Santos, Sócrates, todo o governo e o PS fizeram aquando do anúncio do défice de 3,9% para 2006, um foguetório estranhamente não contestado pelos economistas da nossa praça dado tratar-se de um falso valor (na verdade o Défice real de 2006 foi de cerca de 6,7%), prepara-se agora para lançar na opinião pública igual intoxicação.
Na verdade, se comparar-mos os Défices de 2006 com o de 2004 (o Défice de 2005 por ser um ano de transição de governos, 3 meses de governo PSD/CDS e 9 meses de governo PS não permite comparações justas), verificamos que retirando as receitas extraordinárias nos dois casos e acrescentarmos ao ano de 2006 as receitas provenientes do aumento de 2% do IVA, da desorçamentação verificada no Instituto das Estradas (0,47% do PIB) e dos cortes Sociais aplicados em 2006, constatamos que o tal Défice de 3,9% de 2006 apresenta realmente um valor muito próximo dos 7%.
As receitas extraordinárias equivalem a 1,4% do PIB (antecipação de impostos sobre o tabaco (300 milhões), vendas de património (439 milhões), dividendos extraordinários e antecipados (REN-60 milhões), dividendos extraordinários (GALP-124 milhões, recuperações de créditos líquidas de adicionais da operação de titularização(1.198 milhões); as receitas provenientes do aumento do IVA correspondem a 0;45% do PIB; as “poupanças” com os cortes Sociais estimam-se em 0,45% do PIB. Tudo somado resulta num Défice real para 2006 de 6,67% do PIB! Recorde-se que o Défice de 2004 atingiu o valor de 5,2% do PIB.
Se os homens do governo fossem gente séria não existiria seguramente lugar para quaisquer festejos. Bem pelo contrário. A economia não arranca (uma vez que se não criam as condições indispensáveis para o seu arranque) e o País afunda-se cada vez mais.
O Défice real de 2007 (com receitas extraordinárias), não andará seguramente muito longe do observado em 2006. Mas, com a propaganda do governo que até agora se tem mostrado eficaz, com a incompetente oposição e a subserviência e igualmente incompetente comunicação social, é provável que o governo anuncie um Défice inferior a 3% e todos batam palmas!