O caos neoliberal
Apertado pela Troika, Passos Coelho viu-se obrigado a mudar de discurso. Do “custe o que custar”, do “vai ou racha”, do “contra tudo e contra todos”, passou-se aos apelos do “consenso”.
Não por convicção, mas por puro tacticismo político imposto pela Troika, Passos Coelho e Victor Gaspar, mudaram de discurso. Trata-se de uma “operação política” que tresanda a manipulação e vigarice.
A Troika compreendeu que Passos Coelho já não tem força suficiente para apertar mais o garrote aos portugueses com o projectado corte dos 4.000 milhões de euros nas funções sociais do Estado.
Para pôr em prática a política neoliberal de aniquilamento do estado social, que não tem outro objectivo senão colocar as grandes áreas de negócio como a saúde, educação e segurança social (as seguradoras e bancos não se conformam que um tal volume de capital permaneça na gestão do Estado) nas mãos dos mercados, precisam, senão do apoio, pelo menos da anuência do PS. Daí, este repentino e cómico frenesim de apelos ao “consenso” vindos dos meios e dos habituais figurantes apoiantes do governo.
Depois da moção de censura ao governo posta pelo PS, não existe qualquer margem de manobra para que Seguro possa voltar atrás e “consensualizar”, o corte de 4.000 milhões de euros nas funções sociais do Estado. Por maiores pressões que venham dos lados da Troika e de Cavaco Silva.
Cavaco Silva, ao apoiar o governo e o dramatismo táctico de Passos Coelho após o chumbo do Tribunal Constitucional, também não sai bem na fotografia. Com o isolamento do governo e a sua real incapacidade de avançar com o corte de 4.000 milhões de euros na Educação, Saúde e Protecção Social, nada mais restará ao governo do que a sua própria demissão. Cavaco Silva, temeroso, apenas adiou o inevitável - a queda do governo. Até lá, iremos assistir ao penoso apodrecimentodo governo.