Mais cortes salariais soam como música aos ouvidos de Passos Coelho
As palavras do FMI de mais cortes salariais soam como música aos ouvidos de Passos Coelho e do seu governo. Passos Coelho não se tem cansado de propalar de que “os portugueses vivem acima das suas possibilidades”, gaba-se de “ir além da Troika” e nesse propósito de empobrecimento do país e das suas famílias, a que eufemisticamente chama “ajustamento", coloca todo o seu empenho, “custe o que custar”. O corte de 4.000 milhões de euros foi uma proposta do governo à Troika, confrontado que estava com uma quebra abrupta das receitas do Estado, aliás previsíveis a todos, após os cortes dos salários, das pensões e do aumento generalizado dos impostos, menos ao ortodoxo, neoliberal e obcecado ministro Victor Gaspar e companhia.
A espiral recessiva é isso mesmo. Retira-se dinheiro às famílias, através da redução dos salários, dos cortes sociais ou do aumento de impostos, o que trás como consequência uma menor Procura de bens gerando naturalmente menos produção de bens e serviços, encerramento de empresas e aumento de desemprego, o que por sua vez acarreta menos receita do Estado (menos impostos arrecadados) por um lado e aumento da despesa do Estado por outro (aumento da despesa com subsídio de desemprego). Com menos receita, nesta lógica, o governo vai novamente reduzir salários, aumentar impostos e impor novos cortes sociais (ouvimos sempre nas televisões aos comentadores seguidores do governo a mesma ladainha de sempre – não há dinheiro, o Estado não tem dinheiro - para justificar as medidas recessivas que se avizinham), no que resultará menos receitas do Estado, recomeçando tudo de novo, numa espiral recessiva sem fim.
Cavaco Silva, que em tempos falou em espiral recessiva, anda agora mais calado que nunca, e quando abre a boca é para dizer banalidades ou desculpar-se do seu comportamento, como aconteceu no recente caso dos bombeiros mortos no combate aos incêndios.
Esta gente do governo, está apostado em impor aos portugueses um regime neoliberal. Trata-se de um autêntico “golpe de estado” em marcha contra a democracia, contra o estado social, contra o bem-estar das famílias, contra a Constituição Portuguesa.
Milton Friedman, um dos teóricos do neoliberalismo, escreveu que “se há desemprego então deverão reduzir-se os salários. Se esta diminuição dos salários não é capaz de gerar emprego, então é preciso continuar a baixar os salários”. E é, obedecendo a estas políticas económicas falhadas, que governo e o FMI pretendem o crescimento económico. O pequenote secretário de estado Carlos Moedas, afirmou na chamada Universidade de Verão do PSD, que "vinha aí o crescimento económico". Não disse uma palavra que justificasse tal afirmação. Para ele, pelos vistos, trata-se de uma questão de fé. Há que acreditar que vem aí o crescimento económico mesmo quando todas as condições criadas pelo governo vão em sentido contrário.
É a fé que hoje rege os destinos da economia nacional. Não se ouve uma palavra do governo ou dos economistas que o apoiam, que fundamentem o desejado crescimento económico.