O anedótico ministro da economia, vem justificando todo o seu programa neoliberal de embaratecimento do trabalho - a meia hora de trabalho diário a mais, o corte nos dias de férias, o corte nos quatro dias feriados, etc – com a necessidade de aumentar a produtividade do país. Para ele, pelos vistos, a questão do aumento da produtividade resume-se a tornar o trabalho mais barato. A inovação, a modernização dos meios de produção, os custos de produção sempre crescentes e muito superiores aos da média europeia, relativos aos preços da energia (combustíveis e electricidade), aos preços das portagens das vias de comunicação, das telecomunicações, não entram nas suas contas.
Basta olhar para a Europa, para verificar que não são os salários mais baixos que tornam os países com mais altas produtividades ou com maiores crescimentos económicos. Pelo contrário. Os países nórdicos apresentam os maiores índices de produtividade e crescimento, praticando uma política de salários altos a par de condições sociais muito amplas. Eles compreenderam há muito que a inovação e a constante modernização tecnológica dos meios de produção são os factores decisivos para se atingir uma alta produtividade. Eles compreenderam que a política dos baixos salários torna os patrões preguiçosos; porquê investir, gastando capital, na modernização do parque industrial se baixando os salários se obtém os mesmos lucros?
A política de baixos salários apenas se torna competitiva nos tempos que correm quando é possível manter o custo do trabalho a preços miseráveis, como acontece em países como a China. Uma tal exploração do trabalho só se torna possível em países antidemocráticos. Em países democráticos é impossível baixar os salários ao ponto de ser significativo o seu incremento na produtividade.
As medidas anunciadas pelo ministro da economia vão assim no sentido contrário a um efectivo crescimento económico ou a um aumento da produtividade.
É preciso voltar a enunciar os velhos conceitos. As medidas de embaratecimento do trabalho não aumentam a produtividade e o crescimento mas unicamente os lucros dos patrões.
Marcadores: baixos salários, produtividade