Governantes rascas e incompetentes
Ao que parece todos têm medo dos “mercados".
Ouvimos os políticos da “situação” e os seus agentes, falarem dos perigos que poderemos vir a sofrer se não cumprirmos com a austeridade exigida pelos "ditos mercados" através do governo, da Troika e da frau Merkel.
Países soberanos, por enquanto os economicamente mais débeis, como Portugal, Irlanda, Grécia, Espanha e Itália, uma vez que já se ouve que a austeridade pode chegar à França e à própria Alemanha, encontram-se nas “mãos dos mercados”. Completamente subordinados, suspensos e à mercê dos ditos. Não se cansam os nossos políticos e a generalidade os políticos europeus de avisar os submissos cidadãos, que para seu bem, será bom cumprir com todos os requesitos exigidos pela austeridade, mesmo que isso arraste, como hoje se torna bem visível, os países para a destruição das suas débeis economias, para números de desemprego nunca imaginados, para a miséria e fome de grandes extractos da população.
Para toda esta élite dirigente, para todos estes sábios políticos, bem instalados na vida por sinal, a austeridade tornou-se um fim em si mesmo. Nenhum deles se arrisca a fazer previsões quanto ao futuro, nada prometem, apenas exigem sacrifícios para, ameaçam, sossegar os “mercados”.
Mas afinal, o que são os ditos “mercados” que determinam, como nunca antes acontecera, as políticas dos governos jogando com a vida de milhões de europeus?
Os ditos mercados não são mais que os bancos, as seguradoras e os fundos de pensões que especulam na “bolsa” da dívida pública dos países. No caso da união europeia, imagine-se, os bancos europeus detêm mais de 90% da dívida pública dos países europeus. O caricato da situação reside assim, no facto de serem as instituições financeiras que residem e têm a porta aberta nos próprios países europeus, as responsáveis pelas decisões de austeridade que vêm sendo impostas aos seus próprios países. Constata-se deste modo, que os governantes da UE, ao invés de controlarem e disciplinarem as instituições financeiras dos seus próprios países, deixam-se de modo submisso, ou melhor de forma planeada e conjugada, controlar por elas e agir em seu benefício contra os interesses e direitos legítimos dos seus povos.
Os líderes europeus poderiam facilmente colocar um travão à ganância e à especulação das instituições financeiras europeias, encontrassem-se eles ao serviço das populações e não ao serviço dos interesses financeiros privados, directamente como acontece na Itália, ou indirectamente como acontece nos restantes países.
Esta onda neoliberal que assaltou a UE e tem como serventuários os actuais governantes europeus, é amiga do estado mínimo e da auto-regulação dos mercados, e inimiga da regulação pelos Estados e inimiga dos estados sociais. Depois dos USA terem injectado triliões de dólares nos bancos e a UE ter injectado, de igual modo, mais de um trilião na banca europeia, torna-se absurdo afirmar, que os mercados se auto regulam.
O capitalismo neoliberal chegou a um beco sem saída. Agudizaram-se as suas contradições internas que se manifestam na contradição entre as instituições financeiras privadas e o capitalismo produtivo. Entre o capitalismo financeiro e o capitalismo produtivo. E a única alternativa viável para o capitalismo será subordinar o capitalismo financeiro ao capitalismo produtivo. Mas, não se espere que serão os actuais líderes europeus neoliberais os actores desta mudança. Não, e por essa razão só poderemos esperar nos tempos mais próximos, mais degradação económica, mais desemprego e uma vida cada vez mais difícil para os povos europeus.
Não se perspectivam assim mudanças a curto prazo com estes governantes rascas e incompetentes.