Uma estratégia suicida a do PSD
Ferreira Leite, insurge-se contra o aumento do salário mínimo e promete tornar mais caro o acesso à Saúde. Por outro lado, concorda com todas as medidas de cortes sociais levadas a cabo por Sócrates, na Educação - com o encerramento de muitas escolas, com o Estatuto do professor e do aluno, na Saúde – com o encerramento de muitas unidades de cuidados primários, e em todos os sectores em que tais “reformas” tenham um cunho neoliberal. Coloca em causa, apenas e tão só, a ineficácia ou morosidade da sua execução.
Acontece, que as “reformas” levadas a cabo pelos governos neoliberais, tão necessárias e indispensáveis ao desenvolvimento económico dos países como não se cansam de repetir em sua cruzada neoliberal, têm resultado afinal, num acelerado aumento das desigualdades sociais e, ao contrário da propaganda oficial, vêm desencadeando também, menores taxas de crescimento económico.
A presente crise económica e financeira não é mais do que o resultado da aplicação de tais “reformas” neoliberais a nível mundial o que traduz inequivocamente o colapso, a falência do neoliberalismo.
Ferreira Leite e os seus seguidores não poderiam assim, escolher pior momento do que este para a assunção do seu projecto, da sua estratégia neoliberal.
O PSD, em vez de assumir a sua matriz Social Democrata, colocando-se ao lado da esmagadora maioria dos cidadãos, prefere rivalizar com o PS nas suas reformas anti-sociais.
A evolução da socialdemocracia a partir dos fins dos anos 50 foi nitidamente esta: a conciliação dos valores liberais fundamentais com um regime económico que rejeita o capitalismo liberal. Para que as liberdades sejam desenvolvidas e se dê satisfação à justiça social a social-democracia rejeitou, e bem, o capitalismo liberal e enveredou por outras formas económicas em que é mais importante uma política de preços de rendimentos, de salários, de justa distribuição de rendimentos, de participação dos trabalhadores nas empresas e nas próprias decisões conjunturais do que propriamente da propriedade dos meios de produção.
Numa social-democracia, o que é característico é o apoio dos trabalhadores industrializados: e esse apoio é tanto mais significativo quanto mais o País estiver industrializado. As sociais-democracias do Norte da Europa, por exemplo, nasceram com o apoio dos operários da indústria, mas também de agricultores, de pescadores e de pequenos comerciantes, tal como no nosso país. A nossa base social de apoio é tipicamente social-democrata. O nosso programa é um programa social democrático avançado, em relação, por exemplo, ao programa do S.P.D. alemão - e, portanto, isto afasta qualquer deturpação que se queira fazer no sentido de nos apresentar como partido liberal ou democrata-cristão, o que são puras especulaçõestendenciosas que não têm qualquer base.
É que a social-democracia, que defendemos, tem tradições antigas em Portugal. Desde Oliveira Martins a António Sérgio. É a via das reformas pacíficas, eficazes, a caminho duma sociedade livre igualitária e justa. Social-democracia que assegura sempre o respeito pleno das liberdades.