
Multiplica-se Sócrates, em múltiplas tentativas, procurando convencer o vulgar cidadão, de que “de modo algum influenciou a administração da TVI”, na sua decisão de acabar com o Jornal Nacional das sextas-feiras apresentado por Manuela Moura Guedes. O homem, parece mesmo apresentar a maior indignação, quando os seus opositores denunciam uma tal possibilidade. Como se Sócrates fosse um poço de virtudes democráticas e, de modo algum e em tempo algum, alguma vez pudesse ter “influenciado” quaisquer órgãos de comunicação social que lhe não eram favoráveis.
De uma tal atitude transparece, mais do que coragem, um certo despudor e desrespeito pela inteligência dos cidadãos. É uma atitude ensaiada ao espelho, teatralizada e manipuladora. Sócrates queixou-se vezes sem fim junto dos tribunais (e sem razão, como as decisões o vêm comprovando) como antes nenhum outro primeiro-ministro o fizera, de múltiplos jornalistas - João Miguel Tavares, José António Cerejo, José Manuel Fernandes, Paulo Ferreira, Cristina Ferreira - entre alguns outros, e até um blogger António Balbino Caldeira. Foram públicas as denúncias de Francisco Sarsfield Cabral e José Manuel Fernandes, sobre «pressões ilegítimas» sobre jornalistas dos dois meios de comunicação por parte do “gabinete” de Sócrates.
Sócrates age, como se não tivesse este passado de influência DIRECTA nos órgãos da comunicação social.
Sócrates não pode negar, (mas nega, arrastando consigo boa parte dos lideres do partido rosa que assim se descredibilizam quanto ele), que influenciou a decisão da administração da TVI. Com as suas afirmações em pleno Congresso do PS ou em entrevistas televisivas, Sócrates manifestou-se veementemente contra o Jornal Nacional das sextas da TVI. Ora isto traduz OBJECTIVAMENTE, uma influência INDIRECTA, para com a administração da TVI.
Fica naturalmente por saber se Sócrates influenciou DIRECTAMENTE, por si, ou através dos seus camaradas de governo, a administração da TVI. É uma questão que só ele e a administração da TVI poderão esclarecer. Contudo, o que o primeiro-ministro não pode afirmar é - “Eu não tenho nada a ver com o assunto. Tenho a certeza que nunca influenciei”.
Uma tal afirmação traduz, objectivamente, uma falsidade ou, se quisermos, uma descarada mentira.